Início FINANÇAS os destaques do Ibovespa em maio

os destaques do Ibovespa em maio


O mês de maio foi marcado por recordes históricos. O Ibovespa registrou tanto seu maior patamar em um fechamento, ao bater os 140.109 pontos em 20 de maio, quanto sua maior marca intraday, aos 140.381,93 pontos. No mês, a alta foi de 1,45%.

A divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2025 foi responsável por algumas das maiores altas do mês, caso de Azzas 2154 (AZZA3, +38,66), da Renner (LREN3, +24,30), Hapvida (HAPV3, +23,28) e Assaí (ASAI, +22,09%). Além desses, outros quatro nomes subiram mais de 18%: PetroReconcavo (RECV3, +18,76%), Porto (PSSA3, +18,37), Marfrig (MRFG3, +18,30%) e Bradesco (BBDC4, +18,17).

Entre as maiores baixas, destaque para a Azul (AZUL4, -38,78%), de longe a maior queda do índice no mês novamente (após ser destaque em abril pela mesma razão) pelo pedido de Chapter 11 realizado em 28 de maio em meio a uma malsucedida oferta de ações, e também impactos negativos das divulgações de balanços do primeiro período do ano, com destaque para perdas do Banco do Brasil (BBAS3, -19,05%) e RD (RADL3, -25,15%).

Altas

Hapvida (HAPV3): +23,28%

As ações da Hapvida também dispararam após a divulgação do balanço do 1T25, na sessão do dia 13 de maio. Isso após a operadora de saúde reportar lucro líquido ajustado de R$ 416,4 milhões no primeiro trimestre de 2025, acima de expectativas no mercado.

Analistas da Genial destacaram que a companhia manteve uma geração de caixa robusta e terminou o trimestre com alavancagem abaixo de 1,0 vez dívida líquida/Ebitda, “mostrando solidez financeira para seguir com o plano de longo prazo”.

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Também citaram que a gestão da Hapvida destacou a conclusão da maior integração sistêmica da história da companhia, reforçando o compromisso com a captura de sinergias operacionais.

Os analistas ponderaram que as margens ainda foram pressionadas pela elevação dos custos assistenciais e pelo impacto das ações judiciais. Mas acrescentaram que o trimestre marcou a continuidade da estratégia de recomposição de preços, o que garantiu crescimento da receita mesmo em um cenário desafiador para a base de beneficiários, que recuou no período.

Azzas 2154 (AZZA3): +38,66

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O 1T25 positivo animou os investidores de Azzas 2154 – logo após o resultado, as ações saltaram 22%. A Azzas, que atua no varejo de moda, teve lucro líquido recorrente de R$117,7 milhões no primeiro trimestre, alta de 15,6% ano a ano, enquanto analistas esperavam um lucro líquido de R$79 milhões para a companhia, de acordo com média das estimativas compiladas pela LSEG.

Analistas do Itaú BBA consideraram o resultado positivo. “Toda a atenção estava sobre as margens, e eles entregaram”, afirmaram em relatório. A empresa, resultado da fusão entre Grupo Soma e Arezzo&Co, expandiu a margem bruta em 0,3 ponto percentual, a 54,8%, e a margem Ebitda em 1,2 ponto percentual, para 15,9%, no primeiro trimestre, conforme relatório de resultados.

“A combinação de melhores margens e a provável mensagem de que a lucratividade deve seguir subindo após todos os ajustes corporativos relevantes realizados em abril devem gerar um ‘momentum’ positivo”, acrescentaram os analistas.

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Lojas Renner (LREN3): +24,30%

O 1T25 também impulsionou as ações da Renner após um 4T24 para se esquecer. A Lojas Renner teve lucro líquido de R$ 221 milhões no primeiro trimestre, expansão de 58,7% sobre o desempenho de um ano antes, em um resultado bem acima do esperado pelo mercado, conforme divulgado nesta quinta-feira.

A rede de varejo teve desempenho operacional medido pelo Ebitda total ajustado de R$ 585,2 milhões, crescimento de quase 55% sobre o primeiro trimestre de 2024. Os números ficaram acima do esperado: analistas, em média, esperavam lucro líquido de R$103,7 milhões para a Lojas Renner no primeiro trimestre, com Ebitda de R$ 383,4 milhões, segundo dados da LSEG.

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Lojas Renner (LREN3) vê 2º tri melhor que em 2024, mantém cautela em crédito

Para a Genial Investimentos, a Renner abriu 2025 com um trimestre forte, mostrando que a operação segue sólida e capaz de responder rápido às pressões que vinham pesando sobre o papel desde o 4T24. Na época, havia uma preocupação relevante no mercado: a margem bruta tinha decepcionado e surgiram dúvidas sobre o potencial impacto estrutural do câmbio elevado e do ajuste a valor presente (AVP) nas margens ao longo de 2025.

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Assim, a projeção da Genial para o 1T25, por isso, veio conservadora, especialmente para a margem bruta do vestuário, onde estimava uma leve alta de 20 pontos-base anualmente – muito pautada pelo discurso da companhia de que repasses moderados de preço sustentariam algum ganho. “O que vimos, no entanto, foi bem mais forte: a margem bruta de vestuário subiu 61 bps a/a, um avanço robusto que praticamente elimina o temor de que o 4T24 teria sido o início de uma nova tendência negativa”, aponta.

O ganho se somou ainda a uma diluição de despesas operacionais mais acentuada do que o esperado, reforçada por um fluxo de vendas aquecido. O SSS (Same Store Sales) bateu 10,8% no trimestre, bem acima da estimativa da casa de 7,3%. Em termos sequenciais, também houve uma forte aceleração: o indicador, que estava próximo a 7,0% em trimestres anteriores, avançou para os dois dígitos, reforçando o ritmo.

Comparando com os pares, a Renner ficou próxima (ainda que abaixo) das demais: a C&A (CEAB3) reportou SSS de apenas 13,0% ano a ano, enquanto a Guararapes (GUAR3), dona da Riachuelo, apresentou 10,7% para mercadorias.

Já a receita por metro quadrado alcançou R$ 3,4 mil, bem acima dos níveis de Guararapes e C&A, ambos em R$ 2,2 mil/m², uma vantagem competitiva que, segundo a Genial, segue consolidada – ainda que seja louvável a melhora de produtividade de lojas desses dois players ao longo dos últimos trimestres.

A casa ressalta que, atualmente, a Renner está negociando a 11,5 vezes o preço sobre lucro (P/L) projetado para 2025, praticamente em linha com a média do setor, que gira em torno de 11,9 vezes (x). “Embora esteja dentro do patamar médio do mercado, vale lembrar que historicamente a Renner foi precificada a um múltiplo bem mais elevado – cerca de 20,6x em média (últimos 5 anos)”, aponta.

A Genial não espera que a ação volte a esse nível de valuation, mas, considerando a execução consistente que a companhia vem entregando, entende que ela merece sim um prêmio de negociação sobre os pares. “Dada a sua eficiência operacional e resiliência de resultados, um múltiplo superior seria não só justificável, mas até esperado”, aponta a equipe de análise.

A XP Investimentos ressaltou que a varejistas reportou resultados sólidos no 1T, com SSS (vendas mesmas lojas) em aceleração e um Ebitda acima do esperado em cerca de 20%, com melhores tendências em todas as linhas.

Assaí (ASAI3): +22,09%

O Assaí, em maio, apresentou seu balanço do primeiro trimestre de 2025, com lucro líquido de R$ 162 milhões, um avanço de 74,2% em relação ao mesmo período do ano passado, e alta ainda maior pós-IFRS16. No dia seguinte ao balanço, os papéis subiram 3,51%. Após os resultados, o nome foi reavaliado pelo Bank of America (BofA) de neutro para compra.

Confira as maiores altas do Ibovespa em maio:

Ticker Último (R$) Variação no mês (%)
AZZA3 44,15 38,66
LREN3 18,16 24,30
HAPV3 2,86 23,28
ASAI3 11,22 22,09
RECV3 14,47 18,76
PSSA3 52,07 18,37
MRFG3 25,41 18,30
BBDC4 16,20 18,17
RDOR3 37,78 17,99
VIVA3 25,99 17,55

Baixas

Azul (AZUL4): -38,78%

O mês de maio foi movimentado para as ações da Azul, com o noticiário sobre aumento de capital e do Chapter 11, pedido em 28 de maio.

Poucas semanas após registrar um novo prejuízo bilionário e em meio a especulações da imprensa sobre uma possível reestruturação nos Estados Unidos, a Azul (AZUL4) protocolou nesta quarta-feira (28) um pedido de recuperação judicial no país, com base no chamado Chapter 11. A Azul era a única companhia aérea de grande porte do Brasil que ainda não havia recorrido ao mecanismo após a pandemia.

Por volta das 7h50 de Brasília, na quarta, as ADRs da companhia operava com queda de 40% frente ao fechamento da véspera, a US$ 0,299.

A companhia aérea Azul anunciou no último dia 14 que encerrou o primeiro trimestre com um prejuízo líquido ajustado de R$ 1,82 bilhão, 5,66 vezes acima do resultado negativo de R$ 324 milhões apurado um ano antes. A companhia terminou março com uma alavancagem financeira de 5,2 vezes ante 3,7 vezes um ano antes.

A ação já havia caído 55% em abril, principalmente após uma oferta de ações decepcionante da aérea que acabaram gerando uma maior aversão a risco e queda dos ativos.

No fim do mês de maio, o Bradesco BBI rebaixou a recomendação para as ações da companhia aérea de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para marketperform (desempenho igual a média do mercado, equivalente à neutro), diante do risco crescente de que a empresa precise passar por uma nova reestruturação financeira.

GPA (PCAR3): -28,84%

O início do mês, principalmente em meio a divulgações de mudanças de participação acionária e resultados do 1T25, foi notoriamente negativo para as ações PCAR3. As ações do GPA perderam quase um terço do seu valor de mercado no dia 6 de maio, em meio à análise do balanço do primeiro trimestre, bem como eleição de novos integrantes para o conselho de administração do varejista de alimentos dono da rede Pão de Açúcar.

Os analistas destacaram positivamente o resultado operacional da companhia, que apresentou expansão de receitas e do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda) ajustado consolidado, bem como melhora em margens, mas chamaram a atenção para um desempenho ainda negativo na última linha, além de fluxo de caixa negativo.

“Embora o GPA continue a melhorar a margem Ebitda ano a ano, ele continua a reportar prejuízos líquidos, além de grande queima de caixa”, afirmaram os analistas do Citi, chamando a atenção também para a alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda, que “está perto de 3 vezes novamente”.

Nos primeiros três meses do ano, o GPA teve um prejuízo líquido de R$ 93 milhões nas operações continuadas, ante uma perda de R$ 407 milhões um ano antes, enquanto o Ebitda ajustado consolidado somou R$ 409 milhões, alta de 9,9% na comparação anual, com a margem nessa linha passando de 8,1% para 8,6%.

Os analistas do Bank of America destacaram que um ambiente competitivo favorável e uma boa execução estão gerando sólidos ganhos operacionais. “No entanto, dívidas pesadas e contingências podem ser difíceis de superar”, ponderaram em relatório, reiterando recomendação “underperform” para as ações.

Eles também acrescentaram que os esforços para substituir o conselho do GPA parecem er fracassado e avaliam que novos membros podem causar alguma dissonância.

A assembleia de acionistas da empresa também elegeu no mês novos conselheiros nomeados pelo empresário Nelson Tanure — Sebastián Dario Los — e pelo investidor Rafael Ferri. Tanure, que detém cerca de 7% das ações do GPA, propôs no final de março a destituição do atual conselho do GPA e a eleição de novos membros para o colegiado, incluindo três representantes indicados pelo próprio empresário.

Porém, com a entrada das chapas apoiadas pelo investidor Rafael Ferri e pela família Coelho Diniz, dona da rede de supermercados de mesmo nome, o cenário de apoio mudou e os votos se diluíram, tornando mais improvável a eleição de todos os seus indicados.

Uma ata da assembleia divulgada pelo GPA confirmou a remoção das candidaturas de Pedro de Moraes Borba e Rodrigo Tostes Solon de Pontes pelo fundo de investimento Saint German, controlado por Tanure, enquanto Sebastián Dario Los, também indicado pelo fundo, foi eleito.

Em teleconferência com analistas nesta terça-feira sobre o balanço, o presidente-executivo do GPA, Marcelo Pimentel, disse que a companhia espera que o novo conselho de administração da companhia ajude a empresa a se manter no caminho da recuperação de seus resultados. “Vamos ter oportunidade de ouvir novas visões e complementariedades para nos ajudar a acelerar o processo”, acrescentou.

RD Saúde (RADL3): -25,15%

O balanço do primeiro trimestre de 2025 também representou um marco consideravelmente negativo para as ações RADL3, que desabaram 14,7% no último dia 7 de maio, na sessão após a divulgação do resultado.

Em meio à forte queda dos ativos, analistas se debruçaram sobre os números da varejista farmacêutica e traçaram perspectivas para as ações da companhia.

A XP Investimentos cortou o preço-alvo do papel RADL3, de R$ 24 para R$ 17, após revisar para baixo suas projeções de lucro líquido para 2025 e 2026 — com reduções de 16% e 13%, respectivamente.

O Citi também reduziu o preço-alvo para papel da RD de R$ 17 para R$ 15, mantendo a recomendação de venda, devido a combinação de momentum fraco, risco de queda no consenso e avaliação robusta (28,0 e 21,1 vezes Preço/Lucro para 2025 e 2026). Assim como a XP, o Citi cortou suas estimativas de lucros para 2025 e 2026 em 6% e 4%, respectivamente, impactadas por uma receita bruta mais fraca e premissas de margem mais baixas.

Banco do Brasil (BBAS3): -19,05%

O Banco do Brasil decepcionou e muito o mercado após o 1T25. A estatal reportou lucro líquido recorrente de R$ 7,4 bilhões, desempenho substancialmente abaixo do esperado, ficando 20% aquém do consenso de mercado e uma queda expressiva de 23,0% na base trimestral e de 20,7% na comparação anual. O ROE (retorno sobre patrimônio líquido) recuou para 15,8% (-4,5 pontos percentuais trimestralmente e -5,4 pontos anualmente), o menor patamar desde o 3º trimestre de 2021.

Diante do desempenho aquém do esperado e da baixa visibilidade relacionada ao atual ciclo agrícola, a Genial Investimentos também ressalta que o Banco do Brasil anunciou a revisão de parte relevante do seu guidance, abrangendo as projeções de margem financeira (NII), custo de crédito e, consequentemente, do lucro líquido ajustado.

Diferentemente das atualizações anteriores, o banco não apresentou novos parâmetros numéricos, optando por deixar essas variáveis em aberto até uma reavaliação prevista para o 2T25, que dependerá da estabilização da inadimplência no agronegócio, potencialmente beneficiada pela colheita do período.

Diante de um cenário mais desafiador e incerto, a Genial vê possibilidade de deterioração adicional dos resultados ao longo de 2025 — especialmente com a expectativa de agravamento do ciclo de inadimplência em algumas carteiras no segundo semestre, pressões persistentes sobre a qualidade dos ativos no agronegócio e maior dificuldade de crescimento de receita. Nesse contexto, revisou a sua recomendação de compra para manutenção, além de reduzir o preço-alvo de R$ 40,30 para R$ 31,40, o que implica um upside de 6,8%.

O BBI também rebaixou as ações do BB após os resultados, passando de outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra) para neutro, com um preço-alvo de R$ 31, implicando em um potencial de valorização de 5% em relação aos níveis atuais. “Nosso rebaixamento é reflexo das novas mudanças contábeis e da revisão do guidance do banco para 2025, enquanto as preocupações com a qualidade dos ativos aumentaram, com a deterioração de todos os segmentos”, avalia.

Confira as maiores baixas do Ibovespa em maio:

Ticker Último (R$) Variação no mês (%)
AZUL3 0,90 38,78
PCAR3 3,01 -28,84
RADL3 14,85 -25,15
BBAS3 23,42 -19,05
BEEF3 5,04 -14,72
CMIN3 5,05 -14,44
BBSE3 37,51 -12,30
CSNA3 8,25 -11,29
MRVE3 5,29 -10,64

(com Reuters e Estadão Conteúdo)



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