A sessão se desenha como de forte volatilidade para o petróleo. Os contratos futuros da commodity voltam a cair nesta segunda-feira (23), com os investidores ignorando o risco de o Irã interromper o fornecimento de petróleo bruto para o Oriente Médio, após um ataque direto dos EUA às principais instalações nucleares da República Islâmica no fim de semana.
Às 12h30 (horário de Brasília), o contrato futuro do petróleo bruto WTI, dos EUA, caía 0,96%, a US$ 73,13, enquanto o brent, referência global, tinha baixa de 0,88%, a US$ 76,33.
Os preços do petróleo atingiram as mínimas da sessão depois que o presidente Donald Trump exigiu que “todos” mantivessem os preços do petróleo mais baixos. Não ficou claro a quem ele se dirigia, embora provavelmente estivesse pedindo à indústria petrolífera dos EUA que aumentasse a produção.

Ambos os benchmarks estavam bem abaixo das máximas registradas durante a noite. O Brent havia subido mais de 5%, atingindo US$ 81, antes de recuar. O WTI também atingiu seus níveis mais altos desde janeiro, antes de recuar.
“O mercado está precificando um cenário em que as coisas se acalmem gradualmente”, disse Jorge Leon, chefe de análise geopolítica da Rystad Energy, ao programa “Worldwide Exchange” da CNBC na segunda-feira.
Os investidores agora aguardam para ver como o Irã responderá aos ataques sem precedentes dos EUA. Por enquanto, o mercado parece estar apostando que Teerã não interromperá o fornecimento de petróleo bruto, pois isso provavelmente provocaria uma resposta significativa dos EUA, o que poderia colocar o regime em risco.
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Mas o ministro das Relações Exteriores do Irã disse no domingo que a República Islâmica reserva “todas as opções” para defender sua soberania.
“O preocupante é que o outro cenário extremo, em que há uma ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, ainda é realista”, disse Leon. “As coisas podem piorar muito, muito rapidamente.”
Estreito de Ormuz
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O pior cenário para o mercado de petróleo seria uma tentativa do Irã de fechar o Estreito de Ormuz, de acordo com analistas de energia. Cerca de 20 milhões de barris de petróleo bruto por dia, ou 20% do consumo global, passaram pelo estreito em 2024, segundo a Administração de Informação de Energia.
A mídia estatal iraniana noticiou que o parlamento iraniano apoiou o fechamento do estreito, citando um parlamentar sênior. No entanto, a decisão final sobre o fechamento do estreito cabe ao Conselho de Segurança Nacional do Irã, segundo a reportagem.
O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, alertou o Irã contra a tentativa de fechar o estreito. Seria um “suicídio econômico” para a República Islâmica, já que suas exportações passam pela hidrovia, disse Rubio.
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Para o Brasil, atenção ainda para o impacto na inflação. Segundo Gesner Oliveira, sócio da GO Associados e Professor da FGV, se o petróleo bater US$ 100 o barril e a Petrobras (PETR3;PETR4) repassar a alta para o preço dos combustíveis, a inflação deste ano medida pelo IPCA poderia beirar os 6% – tudo depende do desenrolar do conflito no Oriente Médio.
“Ataques dos EUA a sites nucleares do Irã acentuam as dificuldades para economias emergentes como a brasileira. Ainda é cedo para dizer, mas a tendência é pressão inflacionária, maior taxa de juros, desvalorização a moeda e menor crescimento”, avalia.
(com agências internacionais)