A sinalização de que Kevin Hassett é o favorito de Donald Trump para presidir o Federal Reserve teve impacto imediato nos mercados. Juros futuros, expectativas de política monetária e o desempenho das bolsas reagiram ao entendimento de que ele tende a defender cortes de juros mais rápidos.
Hassett é visto como o nome mais próximo da visão da Casa Branca sobre juros, mais dovish que o consenso atual do Fomc, o Copom dos EUA. Isso elevou as apostas de que o Fed pode iniciar cortes já em dezembro.
Os preços acompanharam. O rendimento do Treasury de 10 anos caiu abaixo de 4% na terça-feira (25), e a ferramenta FedWatch passou a indicar probabilidade de cerca de 85% para um corte de 0,25 ponto percentual na próxima reunião.
O movimento ocorreu em um dia de indicadores mais fracos. A confiança do consumidor teve a maior queda desde abril, e as vendas no varejo avançaram pouco, reforçando a visão de desaceleração da atividade.
Para John Kim, estrategista do Goldman Sachs, a alta do S&P 500 de 0,91%, mesmo com a queda da Nvidia, mostrou que o mercado operou com uma rotação mais ampla. Fundos hedge compraram ações de forma intensa nos dias 21 e 24, o maior saldo líquido dos últimos seis meses, com destaque para tecnologia.
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Segundo Kim, a percepção de que Hassett é “o homem de Trump” para juros reforçou o apetite por ativos sensíveis à política monetária.
Mas há quem ainda pregue alguma cautela. “Quando ele entrar para o comitê, ainda haverá uma grande dúvida sobre se ele conseguirá convencer os outros membros do de seus pontos de vista e de reduzir as taxas de juros, se essa for realmente a opinião dele”, alerta Tiffany Wilding, economista da Pimco, em entrevista à Bloomberg. Mesmo sem sem mais o chair do Fed, lembra ela, Jerome Powell ainda poderá permanecer no Fomc.
Risco de credibilidade
Apesar do movimento positivo, economistas alertam que cortes mais rápidos podem gerar desconforto nos mercados, caso sejam lidos como interferência política no Fed. A própria Pimco destacou que, se a credibilidade for questionada, os juros longos podem subir mesmo com cortes na taxa básica, cenário que eleva o prêmio de risco e pressiona ativos.
Ainda assim, nesta quarta (26), os futuros das bolsas operam em alta, com Dow Jones Futuro avançando 0,26%, S&P 500 Futuro saltando 0,37% e Nasdaq Futuro ganhando 0,48%.
A expectativa agora é pelo anúncio, que, segundo o secretário do Tesouro, Scott Bessent, pode sair antes do Natal.





