Início FINANÇAS por que dividendo frustrou se balanço foi em linha com esperado?

por que dividendo frustrou se balanço foi em linha com esperado?






Resultado positivo, dividendos abaixo do esperado.

Enquanto analistas de mercado esperavam proventos entre US$ 1,9 bilhão e US$ 2,2 bilhões a serem divulgados pela Petrobras (PETR3;PETR4) no segundo trimestre de 2025, a estatal decepcionou ao divulgar proventos (dividendos e juros sobre capital próprio) de US$ 1,6 bilhão – ou seja, abaixo do esperado. Como a tese de proventos é um dos pontos centrais para a Petrobras, o mercado se frustrou com o conjunto de números apresentados pela companhia.

Mas o que levou a esse pagamento abaixo, enquanto os números operacionais foram considerados sólidos e em linha com as projeções?

O Bradesco BBI ressalta que o pagamento de proventos, que ficou US$ 400 milhões abaixo da sua projeção, ocorreu em meio aos altos níveis de investimentos (US$ 4,1 bilhões) da estatal.

“Esperava que, com o novo patamar – mais baixo – do Brent, a companhia pudesse adotar uma postura mais conservadora nos investimentos, o que não aconteceu. Isso acabou pressionando significativamente o fluxo de caixa livre, que caiu muito mais do que o esperado. Esse foi o aspecto negativo dos resultados”, avalia o analista da Suno Research, João Daronco.

A XP Investimentos aponta a decepção explicada por um fluxo de caixa operacional (FCO) mais fraco do que o esperado, de US$ 7,5 bilhões (contra US$ 8,9 bilhões esperado pela XP e US$ 8,2 bilhões do consenso) e o capex (despesa de capital) marginalmente mais alto de US$ 4,1 bilhões (contra projeção de US$ 3,9 bilhões da XP e US$ 3,8 bilhões do consenso).

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“Em nossa opinião, a diferença no FCO não é facilmente explicada pelo capital de giro, já que os principais culpados parecem ter sido itens como depósitos judiciais, abandono, impostos sobre vendas e ‘outros’”, avaliam os analistas Regis Cardoso e João Rodrigues, que assinam a análise.

Na visão dos analistas da XP, a conversão do lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em inglês) em FCO será um tema a ser observado nos resultados futuros. O FCFE (fluxo de caixa livre ao acionista) no trimestre de US$ 1,3 bilhão (yield de 1,6%) ficou abaixo da projeção da XP de US$ 2,7 bilhões.

O Itaú BBA aponta o fluxo de caixa livre abaixo principalmente por conta de: i) um consumo inesperado de capital de giro, que resultou no FCO US$ 300 milhões abaixo das suas projeções e ii) um investimento caixa acima do esperado, US$ 300 milhões acima das suas estimativas e US$ 400 milhões acima do consenso.

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Em reais, as  distribuições totais aos acionistas (por dividendos e juros sobre capital próprio) no segundo trimestre de 2025 foram de cerca de R$ 0,67/ação (cerca de US$ 0,25/ADR), totalizando R$ 8,66 bilhões (cerca de US$ 1,6 bilhão). Isso representa yields de 1,9% e 2,1% para as ações ordinárias e preferenciais, respectivamente. As distribuições serão feitas em duas parcelas: os juros sobre o capital (JCP) representam R$ 0,47/ação (R$ 0,336/ação a ser pago em 21 de novembro de 2025 e R$ 0,135/ação em 22 de dezembro de 2025); e dividendos de R$ 0,20/ação (a serem pagos em 22 de dezembro de 2025). As ações começam a ser negociadas ex-dividendos em 22 de agosto de 2025.

A Genial Investimentos ressalta que o valor pago representa apenas dividendos regulares e abaixo dos valores anunciados no 1T25.

O rendimento em dividendos do trimestre de 2,0% no trimestre representa um rendimento de 8% em termos anualizados – o que deve passar a ser a realidade da empresa tudo mais constante, considerando o novo patamar de investimentos e preço do brent, avalia a casa de research.

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“Somado isso, a empresa oficializou via fato relevante o interesse em ingressar no segmento de distribuição. Sendo assim, apesar dos resultados sólidos, somos céticos quanto a uma resposta positiva do mercado a tese da empresa como um todo tendo em vista o cenário de preços do brent pressionados e maiores investimentos”, avalia a Genial.

Saiba mais:

Na visão do BBI, a administração precisará fornecer mais explicações sobre as tendências desses investimentos, pois aponta que a expectativa era de abaixo de US$ 4 bilhões, com projeções ainda de que cairiam em relação aos níveis do 1T25. Houve também algum consumo incremental de capital de giro, provavelmente relacionado ao aumento dos níveis de produção da empresa, que deve se recuperar em algum momento, avalia o banco.

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Daronco, da Suno, aponta que, embora essa redução no fluxo de caixa livre gere alguma reação no mercado, já que ela impacta diretamente os dividendos obrigatórios, a tese de longo prazo não se altera.

“No entanto, investidores que contavam com um fluxo de caixa mais robusto para garantir dividendos no curto prazo podem ter se decepcionado”, avalia.

Olhando para frente, será fundamental acompanhar o nível de investimento da Petrobras em relação ao atual patamar do Brent, aponta o analista. “Caso a companhia mantenha esse ritmo de investimentos, pode haver uma redução na expectativa de distribuição de dividendos — especialmente no que diz respeito aos 45% do fluxo de caixa livre”, conclui.



FONTE

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