Christiano Antonucci/Secom-MT
O vice-governador Otaviano Pivetta (Republicanos), que deve ser o candidato da base do Governo ao Palácio Paiaguás, em 2026
O Partido Liberal (PL) entrou em “erupção” e, mesmo com o endurecimento e patrulhamento por parte do presidente da Comissão Provisória Regional, o secretário de Governo de Cuiabá, Ananias Filho, se percebe com clareza que o assédio do vice-governador e candidato a candidato a governador em 2026, Otaviano Pivetta (Republicano), tem surtido efeito.
Isso ocorre, segundo se apurou, principalmente, entre os três principais prefeitos do Estado: o de Cuiabá, Abílio Brunini; a de Várzea Grande, Flávia Morreti; e o de Rondonópolis, Cláudio Ferreira.
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Os três políticos, em algum momento nos últimos meses, deram declarações conflituosas pró-Otaviano Pivetta, que necessitaram passar por uma correção de rumos. Ou seja, os prefeitos declaram, Ananias Filho entra em cena, no melhor estilo Chapolin Colorado, com a famosa frase: “Não constavam com minha astúcia?”. E o trem descarrilado volta a trafegar – de forma capenga, mas volta, mesmo com os estragos já feitos.
Após o próprio Abílio ter declarado, no fim do ano passado e no começo deste, em visita oficial aos deputados, na Assembleia Legislativa, que “vê com bons olhos” o nome de Pivetta e, depois, retomar a defesa da candidatura própria do senador Wellington Fagundes (PL) – que seria “o candidato de Jair Bolsonaro” -, foi a vez da prefeita Flávia Moretti, em entrevista ao jornalista e marqueteiro Antero Paes de Barros, na Rádio Cultura.
A prefeita da segunda maior cidade de Mato Grosso e que carrega o “elemento surpresa”, já que nunca havia disputado uma eleição e venceu um dos grupos políticos mais consolidados, e dentro do mais importante reduto eleitoral do seu adversário, o senador Jayme Campos (UB), deixou implícito em suas palavras: “Nuita água ainda vai passar por baixo desta ponte. Então, precisamos saber, após a abertura da janela (prazo para aqueles que detêm mandatos proporcionais, deputados federais e estaduais, possam trocar de partidos) qual será o tamanho do PL”.
A prefeita de Várzea Grande salienta que, “como partidária”, vai seguir a decisão do PL, mas sem citar o nome do candidato do partido.
Quando questionada pela jornalista Michely Figueiredo se seguiria com o senador Wellington Fagundes, respondeu: “Se o Wellington vier pelo partido… Mas, muita água ainda vai passar por baixo desta ponte””.
Flávia Moreti segue segue rasgando elogios ao vice-governador, que, para ela, “um baita de um nome e com uma visão governador e que, junto com Mauro Mendes, tem feito muito por Várzea Grande, que foi abandonada em um passado”.
Essas sinalizações, quando nada, deixam claro que a extrema-direita prefere a candidatura de Otaviano Pivetta (Republicanos), com uma vice e uma candidatura ao Senadoa para o PL. Na realidade, para analistas, essa seria a estratégia da famíliaã Bolsonaro, que, conquistando mais vagas no Congresso Nacional, tanto de deputados federais quanto de senadores, poderia anistiar o ex-presidente e e demais golpistas e impor sanções e/cassação de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Bolsonaro e a extrema-direta, como se sabe, se consideram “perseguidos” pelo STF, especialmente pelo ministro Alexandre de Moraes.
A máquina do Governo do Estado é um poderoso instrumento de convencimento eleitoral, e o vice-governador Pivetta e o próprio chefe do Executivo, Mauro Mendes (União, enquanto vive o dilema de se desincompatibilizar ou não para disputar o Senado em 2026, vão trabalhando para arrebanhar votos e apoios importantes, como o dos principais prefeitos de Mato Grosso.
Já Ananias Filho, que comanda com mão de ferro a Comissão Provisória Regional do PL e tem o apoio incondicional do presidente nacional, Valdemar da Costa Neto, “corrige” os rumos para que suas principais forças políticas não destoem do projeto Wellington Fagundes para governador e José Medeiros para Senador, e não fechem as portas, tanto para Mauro Mendes como para Otaviano Pivetta,desde que eles se encaixem na realidade da legenda liberal.
O dirigente reafirma, a todo momento, que o PL fez o “dever de casa” em 2024, nas eleições municipais, e, dessa forma, se cacifou para liderar a chapa majoritária, independentemente de ser coligar com aliados ou disputar com chapa pura.
Wellington Fagundes mantém a candidatura ao Senado do deputado federel José Medeiros, por saber da ligação do parlaentar com o clã Clã Bolsonaro e a extrema-direta do PL. Quando nada, seria um “passaporte” para a sua pretensão de liderar o partido para o Governo de Mato Grosso. Tanto que, no começo deste ano, Valdemar Costa Neto vetou o ingresso de Mauro Mendes e de Otaviano Pivetta no partido.
O próprio Abílio Brunin,i que rejeitava a todo momento a possibilidade da sua esposa, a vereadora Samantha Iris, ser candidata em 2026, passou a sinalizar a possibilidade de a primeira-dama entrar na disputa por uma vaga de deputada estadual, para reforçar a chapa do partido. Issp, no entanto, não passaria por uma candidatura a vice-governadora, na eventual chapa encabeçada por Pivetta, que buscaria buscaria um perfil feminino para seu projeto que visa à sucessão no Palácio Paiaguás.
A declaração da prefeita Flávio Moretti, quando nada, revelaria a estratégia de bastidores de repetir, em 2026, a coligação de 2022, quando Mauro Mendes foi candidato à reeleição ao Governo do Estado pelo União Brasil e Wellington Fagundes, pelo PL compôs a chapa majoritária, também candidato a reeleição – só que ao Senado.
Essa reeleição de Wellington Fagundes o deixou em situação confortável, pois, se perder em 2026, volta para mais quatro anos de Senado. Se ganhar, quem completa seu mandato é o primeiro suplente, Mauro Carvalho, presidente do PRB e que, em um passado recente, já foi muito próximo do governador Mauro Mendes.
Os dois únicos detalhes que atrapalham os planos do Palácio Paiaguás é conter a revolta interna do União Brasil e o cacife político e financeiro do senador Jayme Campos, que, se for candidato ao Governo, pode “arrastar” uma eventual coligação com o Republicanos Pivetta para o buraco, Se for candidato à reeleição, coloca em risco à possível candidatura de Mauro a uma das vagas para o Senado.
A postura de Jayme está umbilicalmente ligada ao sucesso ou a derrota do União Brasil e do grupo político que se encontra rachado. O comentário, nos bastidores, é de que as eleições de 2026 não são favas contadas só porque o governador Mauro Mendes tem 70% de aprovação. Afinal, outros favoritos do passado atormentam o núcleo duro do governador do Estado.
Além disso, a fragmentação dos partidos que caminharam juntos desde 2018, 2020, 2022 e foram vitoriosos já começou a se desmantelar, por causa de claras traições nas eleições municipais de 2024 e que, certamente, vão repercutir em 2026. E há o fato de novos nomes na disputa, como Janaina Riva (MDB), que, se optar por disputar o Senado, se torna um obstáculo gigantesco para os adversários. E maior ainda, se decidir disputar o Governo do Estado.
Também nesta articulação está o senador licenciado Carlos Fávaro, ministro da Agriculturae Pecuária, candidato a reeleição. Mesmo estando aliado com à esquerda, tem o comando do seu partido, o PSD, liberado para a montagem do palanque em Mato Grosso, independentememte do palanque nacional, que passou a ter forte influência com o crescimento da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).