A Polícia Federal deflagrou, nesta quinta-feira (29), uma nova fase da Operação Sisamnes, que investiga a venda de sentenças no Tribunal de Justiça de Mato Grosso e no Superior Tribunal de Justiça (STJ).
A oitava fase da Operação foi autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF).
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O magistrado determinou o afastamento do juiz Ivan Lúcio Amarante, do Tribunal de Justiça do Mato Grosso (TJ-MT).
Amarante já estava afastado de suas funções na comarca de Vila Rica (1.259 km a Nordeste de Cuiabá), desde outubro de 2024, por determinação do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
O Estadão pediu manifestação do juiz, via Tribunal de Justiça de Mato Grosso, mas não obteve retorno.
Além do afastamento de Ivan Amarante, foram cumpridos três mandados de busca e apreensão.
Zanin também autorizou o recolhimento dos passaportes dos investigados e o sequestro de bens e contas até o limite de R$ 30 milhões.
Amarante é suspeito de receber propinas do advogado Roberto Zampieri, conhecido como “lobista dos tribunais”, executado a tiros em dezembro de 2023.
O celular de Zampieri foi apreendido nas investigações sobre seu assassinato e, a partir do equipamento, foi desencadeado o inquérito sobre vendas de sentenças na Justiça mato-grossense.
Além de Amarante, dois desembargadores do TJ-MT estão afastados por suspeita de elos com Zampieri.
Ivan Amarante é ex-policial militar de São Paulo.
Foi admitido na PM paulista em 1990 e permaneceu na corporação até 2012, chegando à patente de capitão.
Formou-se em Direito na Universidade de Sorocaba em 2003 e possui pós-graduações no Mackenzie, onde se especializou em Processo Penal, e na PUC de São Paulo, onde estudou Segurança Pública.
Em 2012, deixou a PM paulista e assumiu o posto de juiz no TJ de Mato Grosso.
Desde então, atuou nas comarcas de Vila Rica e de São Félix do Araguaia.
Até ser afastado pelo CNJ por suspeita de recebimento de propinas, era o titular da comarca de Vila Rica.
Nesta quarta-feira (28), a Polícia Federal cumpriu mandados de prisão contra os suspeitos do assassinato de Roberto Zampieri.
As investigações constataram a existência de um grupo de extermínio autodenominado “C4 – Comando de Caça a Comunistas, Corruptos e Criminosos”.
A organização criminosa, de acordo com o inquérito, possuía uma tabela de preços para espionar ou executar autoridades, inclusive ministros do STF.
As ações eram vendidas por até R$ 250 mil.