O presidente Lula (PT) voltou a disparar recados direcionados a Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, nesta terça-feira 26. Em reunião com ministros do governo, em Brasília, o brasileiro tornou a denunciar uma tentativa de interferência do governo norte-americano na soberania do País.
“O governo dos EUA age como se fosse um imperador do planeta Terra. É uma coisa descabida, não vou repetir [tudo o que já falei sobre os EUA], mas ele [Trump] continua fazendo ameaças ao mundo inteiro”, disparou Lula ao iniciar as declarações sobre os EUA.
“Nós somos um país soberano, temos uma legislação, uma constituição e quem quiser entrar nesses 8,5 milhões de metros quadrados, no nosso espaço aéreo, no nosso espaço marítimo, nas nossas floretas, vai ter que prestar contas à Constituição”, completou Lula, também direcionando o recado a big techs.
Ainda sobre Trump, Lula reforçou estar disposto a “sentar na mesa de negociação” a qualquer momento para conversar exclusivamente de questões comerciais. A única condição, diz, é ser tratado de forma igualitária. “O que não estamos dispostos é sermos tratados como se fossemos subalternos. Isso não aceitamos de ninguém.”
Aos ministros, cobrou que reforcem em todos os discursos as declarações sobre a soberania brasileira. “É importante que cada ministro, nas falas que fizeram daqui para frente, façam questão de tratar da soberania desse País. [Digam] ‘Nós aceitamos relações cordiais com o mundo inteiro, mas não aceitamos petulância de ninguém’”, cobrou. “Se a gente gostasse de imperador, o Brasil ainda seria monarquia”, finalizou Lula, em recado direto a Trump.
Revogação de vistos
Na reunião, Lula confirmou a revogação do visto do ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, pelos EUA. A sanção já vinha sendo alardeada por bolsonaristas ao longo dos últimos dias, mas não havia sido confirmada pelo governo. Medida parecida já atingiu outros autoridades brasileiras em agosto.
Sobre Lewandowski, especificamente, Lula classificou a medida como ‘irresponsável’.
“Eu queria dizer ao companheiro Lewandowski da minha solidariedade e da solidariedade do governo a você por conta do gesto e irresponsável dos Estados Unidos de cassar o seu visto”, iniciou. “A verdade é que eles estão deixando de receber uma personalidade da sua competência e da sua capacidade e eu acho que é vergonhoso para eles não ter você. […] Essas atitudes são inaceitáveis não só contra o Lewandowski, mas contra os ministros da Suprema Corte ou contra qualquer personalidade brasileira”, completou o petista.
Críticas ao clã Bolsonaro
O presidente Lula aproveitou o tema para tratar, também, da articulação feita por Eduardo Bolsonaro (PL) nos EUA contra autoridades brasileiras. Ele chamou a ação do clã ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) de ‘maior traição à pátria da história’. “Eu fiz uma relação dos maiores traidores da história da humanidade, não estou com ela aqui, mas é o seguinte: o que está acontecendo no Brasil com a família do ex-presidente e com os filhos dele é possivelmente uma das maiores traições que uma pátria já sofreu de filhos seus”, afirmou Lula.
O termo foi repetido pouco mais adiante: “não conheço na história outro momento que um traidor da pátria teve a desfaçatez de mudar de país…ele está adotando o outro país como pátria, ele está adotando os EUA como pátria, está negando a sua pátria… para tentar insuflar o ódio de alguns governantes americanos contra o povo brasileiro. Isso não é aceitável”.
Ainda sobre Eduardo, Lula disse a ministros que o deputado já deveria ter sido expulso da Câmara e cobrou a montagem de ‘uma frente de batalha política’ para denunciar a atuação do parlamentar nos EUA. “[Eduardo é] um cidadão que já deveria ter sido expulso da Câmara dos Deputados, [por ficar] insuflando com mentiras e hipocrisias um outro Estado contra o Brasil. Isso é inexplicável e vamos ter que fazer disso uma frente de batalha no campo da política e no campo do governo, para que a gente possa fazer com que esse País seja respeitado”, pediu aos membros da Esplanada.