O secretário de Educação de Cuiabá, Amauri Monges, anunciou nesta sexta-feira (18) a criação de uma força-tarefa focada no reforço de Português e Matemática nas escolas da rede pública da capital. As ações terão início já no mês de agosto e fazem parte de um plano de recuperação da aprendizagem e correção de defasagens na alfabetização de estudantes que não aprenderam a ler e escrever na idade adequada.
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O anúncio ocorre um dia após o prefeito Abilio Brunini (PL) cobrar publicamente mais resultados da pasta e declarar, em entrevista à imprensa, que pretende aprofundar parcerias com a iniciativa privada caso não haja melhoria nos indicadores educacionais. A fala do gestor gerou repercussão no meio educacional e é vista por parte dos servidores como uma reação à pressão enfrentada por ele para manter o pagamento do terço de férias aos professores durante o recesso de julho — benefício que chegou a ser alvo de um projeto de corte, mas que foi retirado de pauta após forte mobilização da categoria.
Na declaração publicada nesta sexta-feira, Monges afirmou que a gestão municipal resolveu a questão do terço de férias dentro do orçamento, minimizando os impactos financeiros. “Nós vamos reduzir ao mínimo o impacto que isso vai causar”, disse o secretário.
Ele destacou, no entanto, que o foco agora será pedagógico: “Montamos um plano para o segundo semestre com sala de reforço e uma força-tarefa de Português e Matemática em agosto, setembro e outubro para recuperar nossos estudantes que infelizmente não foram alfabetizados na idade certa”.
Monges demonstrou confiança na capacidade de reversão do cenário. “Vamos conseguir, com apoio de todo mundo, com os nossos professores que estão comprometidos com a causa, com os profissionais de Educação. Vamos fazer o melhor investimento que Cuiabá já teve na Educação e vamos ter a melhor Educação do Estado em pouco tempo”, declarou.
Cenário de cobrança e ameaça de privatização
Na quinta-feira (17), o prefeito Abilio Brunini elevou o tom ao criticar a atuação da Secretaria de Educação e, principalmente, o desempenho de alunos da rede municipal. Ele afirmou estar “muito insatisfeito” com os resultados e insinuou que as parcerias com o setor privado podem se tornar uma alternativa à gestão direta da educação pública.
“O município de Cuiabá gasta praticamente R$ 1 bilhão na Educação. Quase todo ano esse é o gasto. ‘Ah, mas educação não é gasto, é investimento’. É investimento quando você tem resultado”, disparou Abilio. Segundo ele, dados mostram que 50% das crianças da rede não são alfabetizadas na idade certa e 46% concluem o ensino fundamental sem dominar o básico de Português e Matemática.
O prefeito também criticou a atuação de sindicatos, afirmando que os representantes da categoria se preocupam mais com direitos do que com desempenho dos alunos. “São ótimos para cobrar direitos, mas péssimos para apresentar resultados”, afirmou, durante visita à Câmara de Cuiabá.
Abilio ainda sugeriu que há irregularidades na gestão de recursos pelas unidades escolares e prometeu intensificar a fiscalização: “Esse ano vai ser de muita cobrança de resultados”.
A fala sobre a possível privatização da rede educacional municipal causou desconforto entre profissionais da área. “Seria mais viável a gente colocar as crianças na rede privada de educação, seria até mais barato fazer isso e as crianças teriam resultado de aprendizado muito melhor”, completou o prefeito.