O peso da subnotificação
O medo de sofrer represálias nos ambientes machistas das corporações contribui para o alto índice de subnotificações.
“Quem investiga os oficiais nas corregedorias da PM são os próprios oficiais. E, quando uma policial revela o problema, ela passa a ser perseguida, porque existe uma proteção institucional”, afirma Francisco José da Silva, sargento aposentado da PM-SP e coordenador de direitos humanos da Federação Nacional das Entidades de Praças.
De todos os casos analisados pelo UOL, 27 denunciantes disseram ter sofrido perseguição institucional.
“Quando saí da delegacia para trabalhar em outra cidade, o pessoal me recebeu como X9”, disse à reportagem Paula*, investigadora da Polícia Civil que afirma ter sido assediada sexualmente por cinco anos numa delegacia no interior de São Paulo.
“Quase todos os dias, os pneus da minha moto eram cortados. Nos corredores, ouvia comentários do tipo: ‘E aí? Vai derrubar quem agora?’. Fiquei isolada”, afirmou.